sábado, 18 de abril de 2015




Alteridade

Estórias que se cruzam
No tempo e no espaço
Momentos são únicos
E causam entre laços


Os encontros acontecem
Talvez sem lógica, nem razão
Mas isso não é o mais importante
O que importa mesmo é a conexão

Pensar como individuo coletivo
Permite possibilidades
Entender que sou quando somos
É viver a alteridade

Tadeu Marcato
Foto: Google


Um pouco de cor...

Ia

Eu sonhei!
Hoje eu sonhei!
Que a boniteza se fazia.
Nos lares, nas rua...
e era melodia.
As diferenças
de crenças e de ideologias
não impediam a diversidade
que acontecia.
E o respeito proporcionava
a vida em harmonia.
Eu sonhei!
Hoje eu sonhei!
Que a vida
era poesia.
Pena que não foi,
ia.


Tadeu Marcato
Foto: Google




“Desacérebro”

Uma ideia surge de dentro,
Está louca pra sair,
Não. Dessa vez não vem do pensamento,
Vem de um lugar que devo ir.


Raciocínio, métodos, sistemas complexos,
Tudo isso agora quero evitar,
Incomodo-me, debato-me. Quero entender os nexos.
Porque me é tão difícil da razão desconectar?

Mas a busca é persistente,
Procuro algo que me pareça diferente,
Uma sensação além do cérebro.

E assim meus dias se vão,
Hora na direção certa, outrora na contramão,
Na incessante tentativa de “desacérebro”.

Tadeu Marcato


Abriu o sinal

Toc, toc no vidro do carro parado no sinal,
Pé descalço, maltrapilho, sujo e descrente,
Foi espancado, violentado pelo estado dito decente,
Mendiga, implora, até chora por um real.


Ninguém para, ninguém repara na esquina,
Nos becos, nas cracolândias que é sina,
Rafinha sonhava em ser uma criança contente,
Mas é visto como vagabundo pela sociedade doente.

E a margem vai levando sua vida, sobrevivendo,
Entorpecido, sem direção, em existência morrendo,
Anestesiando a mente e aguardando o final.

Abandonado pela família, pelo estado e sociedade,
Vive a sua “correria”, apesar da idade,
Tiro pelas costas. Fechou a cortina. Abriu o sinal.

Tadeu Marcato
Foto: Google



Volte! Volte!

Ele está nos escombros, na escuridão.
Buscando em substâncias a satisfação.
Eu já estive aí e posso te dizer.
Saia daí, saia já daí! Agora é só sofrer.


Diz que está amarrado, que não tem mais volta,
que andou anos nessa estrada torta.
Eu disse venha. Isso é tudo ilusão.
Não se apegue ao medo e saia da contramão.

Falou que vai tentar, que quer voltar,
que vai buscar, caminhar, desamarrar...
Eu disse venha. Minha mão está estendida.
Volte, volte. A vida é bem vinda...

Tadeu Marcato

e se

e se eu parar tudo agora
e ir embora
e se eu desistir de tudo ainda
e sem vinda
e se eu andar sem caminho
e sozinho
e se eu mudar a vida
e bem vinda
e se eu me perdesse em pensamento
e lento
e se eu sentisse tudo
e intuito
e se eu risse um monte
e constante
e se...

Tadeu Marcato


Parafraseando Gonçalves Dias, segue minha "Canção do delírio".

Canção do delírio

Minha face tem olheiras,
Onde a insônia se satisfaz;
As ideias, que à noite, clareiam,
Não clareiam à luz solar.


Minha noite sem estrelas,
Meu jardim, às vezes, sem flores,
Minhas noites mal dormidas,
Minha espera por amores.

Em pensar, sozinho, à noite,
Um universo inteiro se faz;
Minha face tem olheiras,
Onde a insônia se satisfaz.

Minha mesa tem odores,
Do café e cinzeiro a cozinhar;
Em pensar, sozinho, à noite,
Um universo inteiro se faz;
Minha face tem olheiras,
Onde a insônia se satisfaz.

Não permita Tempo que eu morra, 
Sem o verso completar;
Sem que sinta os odores;
Do café e cinzeiro a cozinhar;
Sem que olhe minhas olheiras,
Onde a insônia se satisfaz.

Tadeu Marcato
Foto: Google