terça-feira, 4 de agosto de 2015



frustração

sonhou tão alto
mas tão alto
que bateu a cabeça
no teto da ilusão
desequilibrou-se, caiu
e rachou a cabeça
num chão de frustração







segunda-feira, 3 de agosto de 2015


Indiferença

sigo pensando o que fazer
quando não consigo sentir
quando nada habita em mim
quando a indiferença não tem fim

como vácuo, vago, opaco
cade a lágrima, o riso, o medo
me levanto, me deito e nada
é como terra não semeada

nem amor ágape, nem eros, nem filia
não tem raiva, inveja, melancolia
seco, podre, inútil 
com defeito, deu tilt

Tadeu Marcato

(Inspirado na música "Socorro" de Arnaldo Antunes)
Sistema

Estou ficando louco
Estou ficando rouco
Estou ficando tonto
Estou ficando tanto

Quero descer do mundo
Quero descer daqui
Querem me transformar em imundo
Querem adaptar-me aqui

Compre, beba, ganhe, tenha
Dispute, enquadre-se, tema
Obedeça, cresça, desdenha
Sou humano ou sistema?

O sistema caiu
O sistema é quem quer
O sistema sumiu
O sistema requer

Sistema, sim trema, sim tema, sem tema...

Tadeu Marcato
Foto: Google

rei ver as estrelas

Quando a noite chegar nebulosa e soberana
Irei ver as estrelas
Quando a sombra se aproximar
Irei ver as estrelas
Quando a incerteza me confundir
Irei ver as estrelas
Quando a angustia aumentar
Irei ver as estrelas
Quando pensar em desistir
Irei ver as estrelas
Quando no espelho não me reconhecer
Irei ver as estrelas
Quando o mel virar fel
Irei ver as estrelas
Quando acabar o entardecer
Irei ver as estrelas
Quando a torre for de babel
Irei ver as estrelas
Quando estiver cansado
Irei ver as estrelas
Quando me faltar sorte
Irei ver as estrelas
Quando o fim for aproximado
Irei ver as estrelas
Quando encontrar-me com a morte
Irei ver as estrelas
No banco do meu jardim...

Tadeu Marcato



o que me aguarda?

o que me aguarda no próximo instante?
vida ou morte 
azar ou sorte 
sincronia ou acaso 
atenção ou descaso


o que me aguarda no próximo momento?
paralisia ou movimento 
atraso ou adiantamento 
riso ou dor 
cor ou incolor

o que me aguarda no dia de amanhã?
chuva ou sol 
trabalho ou lençol 
dúvida ou decisão 
sim ou não

o que me aguarda? 
o que me aguarda então? 
não importa o que me aguarda.
eu gosto mesmo é do desconhecido...

Tadeu Marcato
Foto: google

Tempo em sentidos

Ouço os acordes do Tempo,
Sentados na minha insignificância,
Eles têm som de vento,
E nem sempre geram concordância.

Vejo as memórias em fotos,
Impressas em minhas lembranças,
Que raramente condizem com os fatos,
Verdades das minhas andanças.

Sinto os aromas do passado,
Mergulhando na minha história,
Nem sempre foram adocicados,
O bafio também teve dias de glória.

Ainda tenho na ponta da língua,
O gosto amargo e frio,
Dos desprazeres e do medo que míngua,
A esperança nos dias sombrios.

Hoje faço uma retrospectiva,
Tateando emoções e pensamentos,
Caminho devagar e sem expectativas,
Buscando no tempo o aconselhamento.

Tadeu Marcato
foto: google


Saudade

Enquanto as classes média e alta se escondem 
em suas fortalezas condominiais. 
É nas rebarbas da cidade, na periferia,
que resiste a leveza de tempos atrás. 
Pipa, bolinha na guia, figurinha, taco, pião,
dedão sem tampa...huuuuuuuummmmmm.....chutou o chão...
É uma pena que até ali isso está se dissolvendo,
as brincadeiras de hoje não causam suor, causam calos nos dedos.
Perde todo mundo: classes média, alta e periferia.
Não precisávamos de sinal, nas brincadeiras do dia a dia.
Eu sou do tempo de pé no chão,
saudade desse tempo bom!!!!

Tempo de infância...

Tadeu Marcato
Foto: Google


a a z - rock and roll II

desejo,
o silêncio elaborado do Arnaldo,
e que a vida seja o êxtase do Barão,
a novidade tropicália do Caetano,
e como Chico pensar a construção,
ter do Crioulo aquele nó na orelha,
e repensar o que o Dylan protestou,
levanta e anda do Emicida é o esquema,
e de Porto Alegre Engenheiros observou.


desejo ainda,
a calma e a delicadeza da Fernanda Takai,
e dançar com Gil em frente do espelho, 
a persistência e serenidade do Herbert Viana,
mas com a nova Ira do rock velho,
a musicalidade energética do Jethro Tull,
o amor da espanhola de Kleiton e Kledir,
“Ecos do ão” com Lenine vale a pena,
e Los Hermanos incentiva a prosseguir.

desejo também,
a poesia musicada da Marisa monte,
e pular com o Nando e os infernais,
o batuque recifense da Nação Zumbi,
e do Nenhum de nós as estranhezas descomunais,
a loucura do Otto o próprio Exu,
e dos Paralamas o sucesso,
a rebeldia consciente da roqueira Pitty,
e com a Rita Lee ser do avesso.

desejo por fim,
o balanço maneiro e mineiro do Skank,
e a porrada urbana dos Titãs,
do Tim Maia hora ou outra a inconsequência,
e que escute Ultraje pelas manhãs,
a irreverencia e a boca suja das Velhas Virgens,
e a sonzeira dos barbudos do ZZ Top,
as viagens conscientes do Zé Ramalho,
e do Zeca Baleiro as baladinhas “cult pop”.

Tadeu Marcato
foto: google


Fluorescente sonho

desacelero por um instante,
buscando o macro dentro de mim,
mergulho na imaginação estonteante,
conectando com o multicolor sem fim.


explosão cromática na tela crua,
de tons diversos e cores infinitas,
sem preocupações, exceto as tintas,
procuro encontrar-me com a alma nua.

as cores têm sons,
psicodélicas em Pink Floyd,
fluorescentes sonhos,
de confundir Sigmund Freud.

acordo do sonho vibrante,
daqueles que modifica o que era antes,
sigo em frente, caminhando, às vezes no tranco,
com a certeza de não querer mais a vida em preto e branco.

Tadeu Marcato
Foto: Google


Fuga do real

Danço um tango no teto,
Enquanto do real me despeço,
Relativizo tudo e contesto,
Reflito, apuro e recomeço.


Se não faz mais sentido que vai
Afora de mim, do meu ser,
Que venham outros haicais,
Daqueles prazerosos de se ler.

Os donos da “verdade” estão por aí,
Com seus discursos inflamados,
Carregam a verdade do existir,
E fazem legiões de enganados.

Essa viagem é sóbria,
De um louco por opção,
Ela é clara, não é sombria,
Partiu de uma decisão.

Tadeu Marcato
Foto: google


o que me aguarda?

o que me aguarda no próximo instante?
vida ou morte 
azar ou sorte 
sincronia ou acaso 
atenção ou descaso


o que me aguarda no próximo momento?
paralisia ou movimento 
atraso ou adiantamento 
riso ou dor 
cor ou incolor

o que me aguarda no dia de amanhã?
chuva ou sol 
trabalho ou lençol 
dúvida ou decisão 
sim ou não

o que me aguarda? 
o que me aguarda então? 
não importa o que me aguarda.
eu gosto mesmo é do desconhecido...

Tadeu Marcato
Foto: google


Nunca são só palavras

Palavras são ideias, 
Palavras são sentimentos,
Palavras são ideais,
Palavras são tormentos.


Palavras vêm de dentro, 
e flutuam por aí.
Palavras vêm com o vento,
e dão sentido ao existir.

Palavras dão formas
às coisas vivas e mortas.
Palavras são respostas,
ora retas outrora tortas.

Palavras juntas,
união.
Palavras s o l t a s,
se-pa-ra-ção.

E o que seriam das coisas,
se não fossem as palavras?
As coisas seriam só coisas,
ou melhor, não seriam nada.
Nem nada poderiam ser,
porque nada também é palavra.

Por mais que a intenção seja vaga,
palavras nunca são só palavras.

Tadeu Marcato
Imagem: Google
Do vento

Que o vento venha como ventania,
Bagunce minhas falsas ideias,
Desordene o que já existia,
E liberta-me da antiga epopeia.

Que o vento traga suave e lento,
Como brisa silenciosa e calma,
A sabedoria da majestade, o Tempo,
E assopre-me os segredos da alma.

Que o vento chegue como furacão,
Forte, preciso e com agilidade,
Liberta-me da má ilusão,
E leve com ele minha tempestade.

Tadeu Marcato
Imagem retirada da internet: Arnaldo Antunes


Portas

Havia uma porta trancada,
impossibilitando o fluir
da vida desamarrada
em experiências do existir.


Havia uma porta semiaberta,
permitindo que o fecho de luz
entrasse e emitisse o alerta
de um desconhecido mundo que seduz.

Havia uma porta escancarada,
com sonhos em nuvens da imaginação.
Entrou e ali fez morada,
fechar nunca mais foi opção.

Há movimento existencial
no momento de cada porta.
Abri-las é fundamental
para que a existência não seja morta.

Tadeu Marcato
Imagem retirada da internet: Magritte


Prosa

Sente aqui!
Vamos prosear,
falar da vida,
dos sonhos e de amar.


Sente aqui!
Diga-me o que lhe entristece,
na casa, na rua, na escola,
do que você carece?

Sente aqui!
Conte-me sobre suas experiências.
Quais seus aprendizados? Quem são seus amigos?
Busca qual essência?

Sente aqui!
Vamos ouvir uma música,
falar sobre poesia, cinema...
Posso te dar umas dicas?

Sente aqui!
Que tal observarmos a natureza?
Olha como é harmônico os seus movimentos,
percebe sua beleza?

Sente aqui!
Observe a vida,
procure o bem.
Evite caminhos só de ida!

Agora vai...
Vá viver!

Tadeu Marcato
foto: google
sobre fins e devires 

o rio corre para o mar
e a água busca o ralo
o ir quer voltar
e o parado quer embalo

a noite nunca encontra o dia
a porta aberta aguarda o vento
a tristeza quer alegria
a geleira o derretimento

o papel em branco o rabisco
e o trabalho chama o ócio
o certo, o indeciso
e a História pedi fóssil

a dor quer prazer
e a doença a cura
a ignorância, entender
e a sujeira ser pura

o ódio morre no amor
o azar perde forma na sorte
o frio derrete o calor
a vida se perde na morte

Tadeu Marcato
Foto: google


Imagino...

Queria ser um livro!
Não qualquer livro,
queria ser um livro livre,
desses que são esquecidos
nos bancos das praças,
ou nos assentos dos ônibus.
Esquecido para ser encontrado,
ser aberto e
ser chorado,
marcado, sublinhado, sujo.
Gostaria também de ter inúmeras orelhas e
que cada orelha representasse algo de importante,
alguma ideia, lição, aprendizado ou só diversão mesmo.
Que pudesse mergulhar e invadir
o íntimo dos Homens e 
que eles pudessem sonhar, viajar, ir além com minhas linhas. 
Não me prendam em gavetas!
Não me esqueçam em prateleiras!
Não me deixem empoeirado!
Preciso ser livre, não trancado!
Necessito criar imagem e ação,
passar de mão em mão!


Tadeu Marcato
foto: Google

sábado, 18 de abril de 2015




Alteridade

Estórias que se cruzam
No tempo e no espaço
Momentos são únicos
E causam entre laços


Os encontros acontecem
Talvez sem lógica, nem razão
Mas isso não é o mais importante
O que importa mesmo é a conexão

Pensar como individuo coletivo
Permite possibilidades
Entender que sou quando somos
É viver a alteridade

Tadeu Marcato
Foto: Google


Um pouco de cor...

Ia

Eu sonhei!
Hoje eu sonhei!
Que a boniteza se fazia.
Nos lares, nas rua...
e era melodia.
As diferenças
de crenças e de ideologias
não impediam a diversidade
que acontecia.
E o respeito proporcionava
a vida em harmonia.
Eu sonhei!
Hoje eu sonhei!
Que a vida
era poesia.
Pena que não foi,
ia.


Tadeu Marcato
Foto: Google




“Desacérebro”

Uma ideia surge de dentro,
Está louca pra sair,
Não. Dessa vez não vem do pensamento,
Vem de um lugar que devo ir.


Raciocínio, métodos, sistemas complexos,
Tudo isso agora quero evitar,
Incomodo-me, debato-me. Quero entender os nexos.
Porque me é tão difícil da razão desconectar?

Mas a busca é persistente,
Procuro algo que me pareça diferente,
Uma sensação além do cérebro.

E assim meus dias se vão,
Hora na direção certa, outrora na contramão,
Na incessante tentativa de “desacérebro”.

Tadeu Marcato


Abriu o sinal

Toc, toc no vidro do carro parado no sinal,
Pé descalço, maltrapilho, sujo e descrente,
Foi espancado, violentado pelo estado dito decente,
Mendiga, implora, até chora por um real.


Ninguém para, ninguém repara na esquina,
Nos becos, nas cracolândias que é sina,
Rafinha sonhava em ser uma criança contente,
Mas é visto como vagabundo pela sociedade doente.

E a margem vai levando sua vida, sobrevivendo,
Entorpecido, sem direção, em existência morrendo,
Anestesiando a mente e aguardando o final.

Abandonado pela família, pelo estado e sociedade,
Vive a sua “correria”, apesar da idade,
Tiro pelas costas. Fechou a cortina. Abriu o sinal.

Tadeu Marcato
Foto: Google



Volte! Volte!

Ele está nos escombros, na escuridão.
Buscando em substâncias a satisfação.
Eu já estive aí e posso te dizer.
Saia daí, saia já daí! Agora é só sofrer.


Diz que está amarrado, que não tem mais volta,
que andou anos nessa estrada torta.
Eu disse venha. Isso é tudo ilusão.
Não se apegue ao medo e saia da contramão.

Falou que vai tentar, que quer voltar,
que vai buscar, caminhar, desamarrar...
Eu disse venha. Minha mão está estendida.
Volte, volte. A vida é bem vinda...

Tadeu Marcato

e se

e se eu parar tudo agora
e ir embora
e se eu desistir de tudo ainda
e sem vinda
e se eu andar sem caminho
e sozinho
e se eu mudar a vida
e bem vinda
e se eu me perdesse em pensamento
e lento
e se eu sentisse tudo
e intuito
e se eu risse um monte
e constante
e se...

Tadeu Marcato


Parafraseando Gonçalves Dias, segue minha "Canção do delírio".

Canção do delírio

Minha face tem olheiras,
Onde a insônia se satisfaz;
As ideias, que à noite, clareiam,
Não clareiam à luz solar.


Minha noite sem estrelas,
Meu jardim, às vezes, sem flores,
Minhas noites mal dormidas,
Minha espera por amores.

Em pensar, sozinho, à noite,
Um universo inteiro se faz;
Minha face tem olheiras,
Onde a insônia se satisfaz.

Minha mesa tem odores,
Do café e cinzeiro a cozinhar;
Em pensar, sozinho, à noite,
Um universo inteiro se faz;
Minha face tem olheiras,
Onde a insônia se satisfaz.

Não permita Tempo que eu morra, 
Sem o verso completar;
Sem que sinta os odores;
Do café e cinzeiro a cozinhar;
Sem que olhe minhas olheiras,
Onde a insônia se satisfaz.

Tadeu Marcato
Foto: Google