sábado, 18 de abril de 2015



Abriu o sinal

Toc, toc no vidro do carro parado no sinal,
Pé descalço, maltrapilho, sujo e descrente,
Foi espancado, violentado pelo estado dito decente,
Mendiga, implora, até chora por um real.


Ninguém para, ninguém repara na esquina,
Nos becos, nas cracolândias que é sina,
Rafinha sonhava em ser uma criança contente,
Mas é visto como vagabundo pela sociedade doente.

E a margem vai levando sua vida, sobrevivendo,
Entorpecido, sem direção, em existência morrendo,
Anestesiando a mente e aguardando o final.

Abandonado pela família, pelo estado e sociedade,
Vive a sua “correria”, apesar da idade,
Tiro pelas costas. Fechou a cortina. Abriu o sinal.

Tadeu Marcato
Foto: Google

Nenhum comentário:

Postar um comentário