Abriu o sinal
Toc, toc no vidro do carro parado no sinal,
Pé descalço, maltrapilho, sujo e descrente,
Foi espancado, violentado pelo estado dito decente,
Mendiga, implora, até chora por um real.
Ninguém para, ninguém repara na esquina,
Nos becos, nas cracolândias que é sina,
Rafinha sonhava em ser uma criança contente,
Mas é visto como vagabundo pela sociedade doente.
E a margem vai levando sua vida, sobrevivendo,
Entorpecido, sem direção, em existência morrendo,
Anestesiando a mente e aguardando o final.
Abandonado pela família, pelo estado e sociedade,
Vive a sua “correria”, apesar da idade,
Tiro pelas costas. Fechou a cortina. Abriu o sinal.
Tadeu Marcato
Foto: Google
Nenhum comentário:
Postar um comentário